quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Esporte Valter Bracht

O paranaense Valter Bracht, educador físico doutor pela Universidade de Oldenburg, Alemanha, é o realizador da obra Sociologia Crítica do Esporte – Uma Introdução. Nele, demonstra que o esporte tornou-se a expressão hegemônica da cultura corporal de movimento, pois, de uma forma ou outra, faz parte da vida da maioria das pessoas em todo o mundo atualmente. Esse crescimento vertiginoso que disseminou-se mundo a fora, ao mesmo tempo e tal como ocorre  com o capitalismo, chega a um ponto em que suscita questionamentos e dúvidas em relação à prática esportiva, o que ocorrerá principalmente no meio acadêmico.
O que o autor faz é um verdadeiro apanhado de teorias que procuram responder os grandes impasses em torno do fenômeno esportivo. Nessa linha, Bracht elucida, ainda que resumidamente, as principais vertentes crítico-filosóficas passíveis de se transpor a uma análise teórica do esporte, propondo aqui uma crítica da crítica, relacionando vários autores com diferentes expectativas, contribuindo no sentido de avançar o entendimento do esporte tangente à sua função na sociedade e seu significado humano.
Antes, o autor faz uma breve reconstrução histórica do esporte moderno, surgido no âmbito da cultura européia (sobretudo na Inglaterra) em torno do século XVIII, quando o processo de industrialização, urbanização e tecnologização transforma o cotidiano, com o qual os jogos populares, que até então estavam relacionados a festas de colheita ou religião, não serão mais compatíveis. As práticas corporais ficam mais restritas às escolas públicas, onde sofrem progressiva sistematização, regulamentação, e desenvolvem-se com a expansão do ensino público, surgindo as competições escolares locais, regionais, o que, segundo Bracht, caracteriza-se numa descontinuidade, uma ruptura histórica – embora não total – que mudará a essência da prática esportiva, perdendo seu aspecto lúdico e dando ênfase à competitividade. Dessa forma, Bracht opõe-se a alguns autores que tratam o esporte moderno sendo um fruto do processo linear de desenvolvimento desde as práticas antigas, não vendo nenhuma forma de ruptura com seus significados essenciais.
O esporte moderno passou a ganhar espaço em alguns estudos sócio-filisóficos, mas é a partir dos anos 60 que o fenômeno esportivo será tratado de forma sistematizada. Bracht expõe as análises críticas mais significativas:
- A tese do marxismo ortodoxo, baseada no materialismo histórico, que aborda o esporte enquanto reprodutor da força de trabalho;
- A tese do marxismo pela vertente gramsciana, que trabalha com a questão da hegemonia, que para Gramsci é a cultura numa sociedade de classes, onde a classe hegemônica consegue articular sua dominação e o esporte é um elemento dessa dominação, mas também pode ser um símbolo de resistência cultural ou política.
- De orientação frankfurtiana (teoria crítica), que entende o esporte como sendo um sistema de ação coisificado e em conformidade com o trabalho, um instrumento de repressão das necessidades, de manipulação e adaptação à sua condição, em troca da socialização que ele proporciona.
- De fundamentação em Michel Foucault, para a qual o esporte é visto como uma instituição disciplinadora e controladora do corpo, que pode ser de forma negativa ( no sentido de reprimir) ou positiva (no sentido de manipular e estimular).
- O esporte enquanto reprodução cultural, embasado em Bourdieu, que observa o campo da prática esportiva como um campo de luta simbólica pela legitimidade/monopólio, seja entre o amador x profissional, esporte distintivo (da elite) x esporte popular, esporte participativo x esporte espetáculo; a prática esportiva, portanto, é vista como parte do processo de reprodução das diferenças de classe.
Durante a exposição, ele vai colocando perguntas, não com a intenção de dar uma resposta, mas entes, de desenvolver um debate: serve o esporte como reforço da hegemonia das classes dominantes ou é antes um espaço de articulação contra-hegemônica? é o esporte reflexo das relações sociais coisificadas ou, então, um espaço de auto-realização criadora do indivíduo? Elemento da cultura industrial que transforma os indivíduos em objetos consumidores ou espaço para a criação cultural? controle e repressão erótica do corpo ou revalorização da sensibilidade?
É de muita importância, também, a análise a respeito da relação entre o esporte e a influência do Estado, a que Bracht dedica dois capítulos, “Esporte e Estado”, e “Estado, Esporte e Cultura”. Ele afirma que tal ligação depende do tipo de relação existente entre a sociedade civil e o Estado. O esporte seria uma via de promoção da reprodução da força de trabalho, ou teria um efeito estabilizador, atenuando tensões sociais, além da sua potencial instrumentalização política, o que o torna uma peça importante no controle do Estado, que privilegia a prática esportiva de alto rendimento. O Estado interage com as organizações esportivas, que muitas vezes são dependentes de seus investimentos, havendo uma situação de troca: com dinheiro, a organização esportiva estrutura-se para “fabricar” atletas de alto rendimento e trazer, com eles, o prestígio de repercussão nacional e internacional, além de legitimação política e o senso nacionalista, como servindo de um “remédio” eficaz para desviar-se o foco dos problemas sociais internos. Daí é observável que o esporte de competição torna-se hegemônico na cultura corporal, enquanto o esporte-lazer fica em segundo plano. Afinal, a idéia do Estado de desenvolver o esporte entre a população, devido a motivos de higiene, saúde, a fim de diminuir os índices de doenças e diminuir, assim, os gastos públicos (sendo esse, inclusive, o discurso legitimador do esporte enquanto instituição, discussão que toma um dos capítulos), passa pela concepção de que para se incentivar essa prática, faz-se necessário a “produção” de ídolos; o esporte-lazer tende, consequentemente, a uma imitação do esporte-rendimento, tão vinculado pela mídia. É por isso que Bracht capta a questão do consumo do esporte, que volta a população para a simples reprodução desse esporte-espetáculo (o que Bracht percebe como um problema de saúde pública, atestado nos noticiários pelos incidentes de morte de atletas em plena ação de jogo, devido aos excessos físicos), ao invés de recriá-lo. Nesse contexto, ele questiona: “Devemos festejar e desejar a ampliação da prática e consumo do esporte como acesso a um importante produto social e, na ótica liberal, encara a ‘cultura de massas’ como expressão da democracia cultural criada/propiciada pelos meios de comunicação, símbolos vivos da liberdade do pensamento e expressão, ou dela desconfiar, suspeitando da manipulação de necessidades, de desejos da subjetividade, enfim, do indivíduo?”.

Jogo para Huizinga - livro Homo Ludens

A tese central da obra Homo Ludens é a de que o jogo é uma realidade originária, corresponde a
uma das noções mais primitivas e profundamente enraizadas em toda a realidade humana, sendo
do jogo que nasce a cultura, sob a forma de ritual e de sagrado, de linguagem e poesia,
permanecendo subjacente em todas as artes de expressão e competição, inclusive nas artes do
pensamento e do discurso, bem como na do tribunal judicial, na acusação e na defesa polêmica,
portanto, também na do combate e na da guerra em geral.
O jogo e sua noção, segundo a contribuição de Huizinga no livro acima indicado, é mais
primitivo do que a cultura, pois faz parte daquelas coisas em comum que o homem partilha com
os animais.
  O autor nos leva a questionar se o jogo é sério; embora nos leve a rir, o jogo, contudo, pode
possuir um aspecto de seriedade e não corresponde exatamente ao riso. De certo modo, pode ser
visto como um tipo moderado de “loucura”. O cômico também pode ser entendido como uma
espécie de “loucura”, porque nele se corta o nexo do comum, do tempo do cotidiano. Mas tanto o
cômico como o jogo e o lúdico não são apenas “loucura”, e podem estar muito bem situados entre
as atividades regradas e corretas que participam da sensatez.

sábado, 18 de setembro de 2010

filme: Escritores da liberdade

Nesta quinta, vimos na aula do David o filme: Escritores da liberdade.
Um filme que aborda a vida de uma professora chamada Erin que em sua primeira turma de alunos encontra um serio problema com alunos em guangues e etc ..
e mesmo "desacreditada" por todos consegue reverter a situaçaõ e que todos se formem !

É um filme real que para quem quer seguir carreira de  professor é um ótimo estimulo para num ser apenas mais um, e sempre querer se destacar ; mesmo naõ tendo muita experiência .

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O que é ciência ?

 O que é ciência? Os autores Roden e Ward iniciam discutindo Porque a ciência é importante e ressaltam que a formação de cientistas não é o único motivo de se desenvolver o ensino de ciências na escola, pois a ciência e a tecnologia são essenciais para nossa qualidade de vida. Sendo assim, um sistema de educação deve abordar as necessidades do indivíduo e da sociedade. Cada país precisa ter sistemas educacionais que produzam não somente cientistas e tecnólogos qualificados e futuros pesquisadores, mas também indivíduos equilibrados, informados, cientificamente letrados, capazes de se adaptar as variedade de oportunidades e mudanças e que tenham habilidades comunicativas, prontos para enfrentar os desafios de nossa sociedade.
Como o texto explicita, muitas vezes há dificuldade de comunicação entre cientistas e a sociedade porque não compartilham o mesmo vocabulário. Com o avanço tecnológico, especialmente o uso por qualquer pessoa da internet podemos perceber claramente como este problema pode ser amenizado, pois através de sites de pesquisa podemos ter acesso a muitos estudos e temas que antes somente os cientistas tinham acesso. Os meios de comunicação modernos facilitam grandemente a democratização do conhecimento científico. Porem existem questões éticas que devem ser levantadas em relação à ciência, e para que possam ser discutidas, é preciso que a população tenha entendimento dos avanços da ciência, de suas vantagens e riscos e de como podem se utilizar de conhecimentos científicos para benefício da saúde humana.
A ciência é apresentada em dois aspectos que estão relacionados: um corpo de conhecimento e um modo de trabalho. Tanto um cientista quanto um aluno precisa utilizar métodos (científicos ou básicos) para aprender sobre o mundo. Segundo os autores, “um dos principais objetivos do ensino de ciências era desenvolver o entendimento dos alunos pelo uso de abordagens científicas” e salientam que as posturas dos cientistas devem envolver: curiosidade, respeito pelas evidências, disposição para tolerar a incerteza, criatividade e inventividade, mente aberta, reflexão crítica, cooperação, sensibilidade e perseverança. Os procedimentos científicos incluem a natureza da ciência, a coleta e análise de evidências e desenvolvimento de idéias científicas.
A Qualifications and Curriculum Authority (QCA) afirma que os professores devem proporcionar “atividades baseadas em experiências práticas que incentivem a exploração, observação, resolução de problemas, previsão, pensamento crítico, tomada de decisões e discussão.” Onde o objetivo é buscar a formação holística da criança. Todavia, é importante que a ciência não somente esteja presente no Ensino Fundamental, mas que seja de boa qualidade. As pesquisas mostram que alunos que tiveram experiências ruins na sala de aula com o ensino de ciências, não tem interesse no assunto posteriormente. Isso nos mostra como é importante a postura do professor diante de sua turma e como deve desenvolver sua aula com responsabilidade para que possa ser instrumento na preparação de futuros cientistas e pesquisadores.
Contudo, a ciência facilita o trabalho em grupo, pois através das atividades práticas, o grupo pode compartilhar idéias, aperfeiçoar seu vocabulário e cooperar entre si.  Estas habilidades são extremamente importantes para a socialização, necessária para a construção de uma sociedade melhor. Para que os objetivos sejam alcançados, o professor precisa planejar suas ações, as investigações que podem ser feitas com seus alunos, os materiais e o tempo que serão necessários.